O câncer de esôfago é uma neoplasia agressiva que acomete o tubo esofágico e pode ser classificado em dois principais subtipos histológicos: o carcinoma espinocelular, mais prevalente em países em desenvolvimento e associado ao tabagismo e etilismo, e o adenocarcinoma, mais comum em países ocidentais, frequentemente relacionado à doença do refluxo gastroesofágico e à metaplasia de Barrett. A doença apresenta um comportamento clínico silencioso em estágios iniciais, dificultando o diagnóstico precoce.
Os sintomas surgem à medida que o tumor cresce e obstrui o lúmen esofágico, resultando em disfagia progressiva, inicialmente para sólidos e, posteriormente, para líquidos. Outros sinais incluem odinofagia, regurgitação, emagrecimento acentuado e dor torácica. Em estágios avançados, pode haver rouquidão devido à invasão do nervo laríngeo recorrente e fístulas traqueoesofágicas, levando a pneumonias aspirativas.
O diagnóstico é feito por endoscopia digestiva alta com biópsia, permitindo a análise histopatológica. A tomografia computadorizada de tórax e abdome, o PET-CT e a ultrassonografia endoscópica são exames fundamentais para o estadiamento da doença, avaliando a extensão locorregional e a presença de metástases.
O tratamento depende do estadiamento e das condições clínicas do paciente. Nos tumores localizados, a esofagectomia é a principal abordagem cirúrgica, podendo ser realizada por via minimamente invasiva (videolaparoscópica ou robótica) ou aberta. Em casos localmente avançados, a terapia neoadjuvante, composta por quimioterapia e radioterapia, pode ser indicada para reduzir o volume tumoral e melhorar as taxas de ressecabilidade.
O pós-operatório exige suporte nutricional intensivo, pois a adaptação alimentar é essencial para a recuperação. Pacientes submetidos à esofagectomia podem necessitar de alimentação enteral temporária, com posterior reintrodução progressiva da dieta oral. A reabilitação fonoaudiológica pode ser necessária para restaurar a deglutição adequada e prevenir aspiração pulmonar.
O prognóstico varia conforme o estágio do tumor no momento do diagnóstico. Em tumores detectados precocemente e tratados cirurgicamente, as taxas de sobrevida em cinco anos são significativamente melhores. Já em casos avançados, o tratamento paliativo visa o controle dos sintomas e a melhora da qualidade de vida, podendo envolver colocação de próteses esofágicas para alívio da disfagia e suporte nutricional contínuo.